Por um futuro mais plural e menos global

Pois é, a questão dos recursos utilizados pela indústria é um assunto recorrente hoje em dia. Seja quando estes recursos são extraídos ou fabricados para serem transformados em bens de consumo, ou quando nos desfazemos dos produtos que não queremos mais nas nossas vidas. A atenção está, e bem, muito centrada no tema dos plásticos. Mas vamos recuar um bocadinho, e pensar na quantidade de produtos que usamos diariamente, e no tempo de vida desses produtos antes de os substituímos por outros mais recentes. Agora vamos imaginar isto à escala mundial. Estão a perceber o ponto? Sintéticos ou naturais, não há materiais imunes a serem uma ameaça à nossa estabilidade ambiental.

A génese do problema é fácil de estabelecer mas difícil de resolver de forma eficaz. O aumento constante da população mundial, e o facto que a nossa vida depende de um conjunto de produtos que causam impacto, é realmente uma combinação problemática. Obviamente que vamos continuar a ter filhos, e a lutar por uma vida tão confortável que nos permite viver cada vez mais anos e com mais qualidade. Mas então o que fazer?  É certo que podemos escolher usar recursos com menor impacto ambiental. Mas há outro tema que merece atenção – o fenómeno da moda e das tendências globais. Se pensarmos que qualquer produto será potencialmente usado por 7.5 biliões de pessoas, e que muitos desses produtos têm uma vida útil demasiado curta, pensar globalmente parece ser a verdadeira origem do problema. Pensar um produto para ser usado globalmente, vai necessariamente colocar muita pressão nos recursos que lhe estão afectos. Seja esse produto um abacate, um carro eléctrico ou uma camisa de cânhamo.

É de facto um problema complexo de resolver, e a solução muito provavelmente não será universal. Política, seguramente. Económica, definitivamente. Acima de tudo, a solução vai depender de todos nós colectiva e individualmente. 

Depois de optar por fabricar em Portugal, a Ghome decidiu trabalhar com materiais naturais porque efectivamente o seu impacto é menor, dando prioridade aos materiais Portugueses. Porém, os materiais naturais têm menos impacto, apenas se interiorizamos a noção de que árvores e outras plantas precisam de tempo para crescer, e que pedras e outros minerais resultam de processos naturais tão lentos, que ficam praticamente extintos depois de extraídos. Por estas razões cada produto Ghome é desenvolvido para um número máximo de unidades disponíveis anualmente. Trabalhar com stocks finitos obriga-nos a uma concentração extra. Admitimos que queremos muito que o mundo nos conheça, mas Portugal é a nossa prioridade comercial. Disponibilizamos uma selecção do nosso catálogo para exportação, mas estas vendas não podem exceder 25% to stock anual  definido para cada um dos produtos seleccionados. Com esta opção esperamos reforçar a ideia de que todos os produtos têm um local de origem, e inspirar outros a fazer negócio de forma semelhante. 

O futuro parece ser mais plural e menos global.

Gonçalo Durães